Não fico por aí tirando onda, mas às vezes gosto de comentar com as pessoas que estudo publicidade e propaganda. Uma das consequências disso é a obsessão que tenho em prestar atenção aos detalhes, muito mais que a boa parte de vocês deve prestar, já que esse tipo de exercício fará parte da minha carreira. E foi enquanto eu terminava meu trabalho sobre “redes e mídias sociais no universo gamer” que tive o insight de falar (de novo) do assunto que menos gosto, mas que é importante não esquecer: os fãs.
Porém antes de continuar quero fazer um pedido: não seja fã de nenhuma banda, pelo bem da sua saúde.
Fã vem do inglês fanatic, ou "Fanático" em português, e caracteriza a pessoa dedicada a expressar a admiração por uma pessoa famosa, grupo, ideia, esporte ou objeto inanimado (automóveis ou computadores, por exemplo)
Converter o mero mortal em fã de um produto, marca ou serviço está entre os maiores objetivos da publicidade (vide Apple, Coca Cola), e não pensem que a música está imune a isso. Muito pelo contrário. Mesmo que os artistas digam que toquem o estilo que querem e quando querem, é quase impossível acreditar que ninguém torça para ao menos 1 pessoa reconhecer o seu trabalho positivamente, pois senão a exposição ao público perde o sentido.
Ser uma pessoa pública dá a chance de vender produtos que acho mais caros que um carro ou mansão: sentimentos e ideias, onde os deslumbrados se mostram capazes de qualquer loucura. Querem um exemplo?
Três semanas antes de entrar de férias eu e uns amigos conversávamos com nossa professora de Mídia que nos contou um caso incrível: um rapaz que estava escrevendo a sua monografia, e tendo a pobre mulher como orientadora, e seu tema era nada menos que a Xuxa. Até aí isso não seria um problema, o problema começou quando a professora aconselhou que ele mudasse um pouco a abordagem do trabalho, e ele insistindo em tornar a monografia numa biografia não autorizada sobre a loira.
Eu sei porque vi a monografia, e li algumas páginas.
Por isso não tenho medo de dizer que a palavra “fã” carrega por si só 50% de carga negativa, achando os outros 50% sem muito esforço nessas atitudes sem bom senso, algo que ficou ainda mais incontrolável com a internet. Todos os tipos de sites e redes sociais viraram pontes pra demonstrar o amor ao ídolo, e deixar claro que o amiguinho ao lado é um poser que não entende nada do assunto.
Resumindo, a questão é mostrar que existimos e estamos vivos através de nossas preferências musicais, e que somos os melhores fãs do mundo por gostarmos de banda X ou Y. Se não firemos isso, provavelmente devemos estar mortos.
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Cristina e seu habitual humor irônico |
Fico triste ao ver essa ferramenta tão fantástica que é a internet sendo usada pra disseminar o ódio, a ignorância, a má educação, a falta de respeito, a intolerância, a imaturidade. Estamos jogando pela janela a ideia do que é uma rede social: ser um espaço de interação entre pessoas com um interesse em comum, que provavelmente não é brigar.

Acima vocês podem ler um exemplo dos vários que já sofri na pele: trata-se de uma resposta mal educada que recebi pelo comentário que fiz num dos tópicos do grupo Within Temptation Brasil, quando falei que "poucas vezes ouvi" a versatilidade vocal que Sharon den Adel demonstrou no cover de Skyfall (Adele). Esse é o maior motivo pelo qual faço parte de mais de 15 grupos do Facebook, porém participo no máximo de dois.
Talvez vocês me achem fresca pelo parágrafo acima, e eu talvez seja. Fui criada pra acreditar que por pior que a opinião do outro seja, por menos que eu concorde, tenho que ter maturidade para respeitar. É dolorido o exercício ver as pessoas ofenderem seus princípios de vida ou seus álbuns favoritos, mas quando se chega a um determinado ponto da vida, a gente escolhe em quais brigas vale ou não vale a pena entrar. É por isso que por segurança prefiro me considerar apenas uma admiradora de tudo o que eu ouço.
Por fim e não menos digno de nota, outro exemplo que justificou perfeitamente o nascimento desse texto: ontem a organização do Rock In Rio escalou o Avenged Sevenfold para se apresentar no mesmo dia do Iron Maiden. A notícia imediatamente acendeu um rastro de pólvora em forma de ódio e orgulho headbanger ferido, com os fãs em sua maioria reclamando que a presença dos americanos seria tão somente pra desonrar a apresentação da donzela de ferro.
Eu estou tranquila. Fiz a minha parte que foi aproveitar o fato pra incluir no texto, e adiar a publicação da coluna meio que propositalmente, pois fui dormir às 5 da manhã sem ter feito tudo o que eu pretendia. Não morro de amores pelo Iron Maiden, e acho de uma má educação enorme dizer que todo headbanger é obrigado a gostar da banda, senão é poser. Também não ligo pra Avenged Sevenfold, em questão de metal moderno/metalcore gosto mais de bandas como Trivium, Disturbed e Bullet For My Valentine. E como também não vou ao "RiR", fica a pergunta: por que eu me sentiria ofendida?
Aos que forem assistir o show do Maiden e não gostarem dos americanos, aproveitem pra beber água, comer alguma coisa, ir embora.. Digo o mesmo aos fãs de Avenged. E aos que por acaso gostarem de ambos e forem para ver ambos, só posso dizer uma coisa: parabéns, vocês são mais loucos do que eu.
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