Minha quinta-feira foi muito arrastada. Não bastando, a notícia chegou ao meu conhecimento: saiu o top 100 de músicas mais tocadas em 2015 das rádios do Brasil e para 0% da minha surpresa, não tem uma música de rock nacional nela. Vamos ser sinceros? Quem, em 2016, se surpreende com isso? Eu pergunto e me respondo, dadas as reações que eu me obriguei a ver, afinal para escrever sobre certos assuntos, gosto de me fazer de cobaia. Pela ciência!

Parece que tem gente que veio para 2016, mas esqueceu as ideias em 2010 ou antes. Isso dá um tédio monstro. A cultura hurr durr roquista continua viva, e foi engraçado ver os roqueiros puro sangue entrarem em pânico ao saber do óbvio. Já tive essa fase, confesso. O momento da vida na qual eu fiquei tão encantada com o heavy metal que só falava dele, queria converter meus amigos da faculdade em metalheads, tinha nariz torcido para o indie, preconceito com o sertanejo, até ver que menos, bem menos, Bruna.

Nada da "cena brasileira" atual me impressiona. Tivemos fases (o axé, o pop Sandy & Júnior, o rock de cunho político), e quando eu enfim vi a besteira que era gastar energia em odiar os nomes grandes fora do rock/metal, e que aprender a capinar o próprio quintal é o que há, a vida mudou. Então essa lista não me afeta. Claro, é chato ver pessoas sem acesso à tecnologia ou ao conhecimento de que existem serviços feito Spotify, por isso o rádio é a porta de entrada em estilo musical X ou Y, mas seja sincero(a): você é consumidor de rádio? Eu não sou muito. Então aí mesmo é que não tenho motivo para me indignar.

O Waka fez um ótimo apanhado sobre isso nesse vídeo:


O tal rock/metal brasileiro é, muitas vezes, piada de si mesmo. Se eu, que sou do meio, não consigo olhar certas bandas e levar á sério, como alguém de fora vai conseguir? Tem muita coisa pra gente desconstruir no pensamento das bandas e dos fãs também. Não tem um que se salve de culpa. Bandas que não sabem se posicionar, fãs que não sabem, diferente dos fãs de forró, por exemplo, abraçar os artistas, chegar junto, falta ao pessoal parar com as rivalidades, admitir os erros e todos pensarem em crescer juntos.

Ainda cedo espaço aqui no site ao hard/rock/metal nacional, sim. Mas parei de correr atrás das bandas feito eu fazia antes. Tive ideias, as melhores intenções, me dediquei, mas bem diz o ditado de que o inferno está cheio disso, então desanimei feio. Não sei o que se passa na cabeça de certas bandas. Claro, existe gente boa que ainda me surpreende feito o Cairo ABC, ou que surpreende o Waka feito o Dune Hill, mas é um caso aqui, ali, e olha que apesar de experiente, difícil de agradar, eu tenho bom senso de saber admitir quando o material é bom.


Não existe fórmula mágica para mudar essa situação, isso se é possível mudar. Só que eu acredito forte nas mudanças de mentalidades como bom começo. Krisiun não precisa ser maior que o Korzus, por exemplo. Os dois podem ser grandes. Black Sabbath é bom, Judas Priest é bom, Iron Maiden é ótimo, mas saia da caixinha do óbvio, deixe de ser elitista e canibal. Músicos, sejam mais maduros, mas interessantes. Não que eu concorde, mas se vocês querem ser undergrounds, é um direito. Só que dá um bug na minha cabeça o plano de fazer sucesso lá fora e aí sim, voltar para o berço esplêndido. Sei lá, não encaixa muito bem na minha caixola.

Meu mundo continua girando, independente de top 100, 200 ou 300. Quando eu achar algo de metal brasileiro interessante, trago também. Porque se o lugar do rock brasileiro é ou não nas rádios, eu não sei. Eu penso é se ele realmente precisa disso para sobreviver. Ou de outras coisas.