Foto: Patric Ullaeus |
Sou uma pessoa complicada. Grande novidade.
Não costumo me apegar ao lado negativo de fatos ou pessoas, ou ao menos eu me esforço. Há alguns anos abracei a minha filosofia do Live and Let Die com tanta força que acabei quebrando os ossos dela, mas em troca me tornei uma pessoa muito mais leve de espírito.
A letra de Sir Paul McCartney me ensinou a encarar situações e pessoas desagradáveis, manter a cabeça em cima dos ombros, respirar fundo e antes de entrar numa briga, ver se realmente vale a pena. E há muito tempo são poucas as que valem.
Tive a ideia desse texto ontem enquanto fazia o meu check-in diário de notícias. Topei com um artigo interessante, um desses raros momentos que me fazem descer do salto. Decidi dividir com você um pouquinho de como eu me senti depois que li.
O texto original saiu no site da Metal Hammer, e traz Elize Ryd falando sobre o sexismo que tem enfrentado dentro da cena metalhead, assunto que veio à tona depois de um hater ficar sem o suquinho do dia e enviar mensagens hostis para a sua página do Facebook. O incidente até rendeu um post no blog do seu site oficial.
Pois bem.
Já dizia Jack Estripador, vamos por partes, pois eu quero ler com você cada parágrafo da declaração da vocalista do Amaranthe e trocar umas ideias a respeito.
Aviso aos haters: comentários hostis sequer vão passar a área da aprovação de comentários, então esqueçam tentar me ofender ou coisa do tipo. Porque do jeito que eu ando impaciente, sou capaz de printar cada comentário, fazer um post, e expor eles com requintes de crueldade. Depois excluo sem 1% de peso na consciência.
Aviso aos haters: comentários hostis sequer vão passar a área da aprovação de comentários, então esqueçam tentar me ofender ou coisa do tipo. Porque do jeito que eu ando impaciente, sou capaz de printar cada comentário, fazer um post, e expor eles com requintes de crueldade. Depois excluo sem 1% de peso na consciência.
Dentro da banda, tudo bem, porque eles me veem como uma irmã. Mas as vezes é difícil porque eu gosto de fazer coisas diferentes dos rapazes, então me sinto sozinha.
Esse rito de passagem foi vivido e relatado por N vocalistas. Quantas já não falaram que se sentem mais como mães ou irmãs do que colegas de trabalho? Nada de anormal. Só que o mundo externo sempre vai ser chato, tenha você 20 ou 6 anos de carreira (o caso da Elize com o Amaranthe). Por isso é muito fundamental a união dessas vocalistas, se mantendo acima de quem tenta semear uma discórdia que não existe e fé em Deus, nunca vai existir.
No trecho seguinte, Elize faz uma comparação da sua situação com a do Nightwish:
É diferente para mim em relação a Floor Jansen, por exemplo, porque eu sou uma dos três vocalistas na banda e, normalmente, quando alguém faz um comentário ruim, coloca o foco em mim, mesmo tendo outros cinco caras que eles podem criticar.
O Nightwish só tem a Floor como vocalista, o que a torna um alvo único de crítica. Na verdade Floor é um alvo ainda maior por que quem é doido de criticar Tuomas & companhia?* Já o Amaranthe têm outros dois vocalistas e três músicos, mas o hate sempre é direcionado a Elize. Trocando em miúdos, nessa comparação ela diz: a minha banda tem cinco pessoas além de mim, será que só eu sou feita de carne e osso e por isso vocês só me enxergam?
*sarcasmo imenso
Já o trecho seguinte rende um debate ainda mais interesssante:
Eu também leio comentários muito, muito desrespeitosos voltados a mim porque eu sou uma mulher, não porque sou uma artista como os outros rapazes, então tem uma diferença. Você não deve levar para o lado pessoal, mas é realmente difícil.
Imagine a paciência de Jó que essas mulheres precisam ter todo dia. Tudo o que elas querem é vender o seu peixe, dar o seu recado, achar uma galera que entenda o recado, que as respeitem, mas hoje em dia é quase que pedir demais. Principalmente na internet, onde ser troll é moda, e a popularidade de uma pessoa é medida pelo seu grau de babaquice. Situações assim causam um desgaste emocional gigante, porém inevitável, dado o grau de imaturidade da geração atual.
E não se engane. O sexismo vem dos dois lados. Com os homens ele é mais forte, mas muitas mulheres não ficam sem culpa no cartório.
Na verdade, eu recebo vários e-mails sobre como as mulheres são tratadas mal e tem que conviver com esse tipo de ódio. Elas realmente apreciam meus agradecimentos, e se sentem melhores quando elas escutam que isso também acontece comigo.
Isso é deveras bonito. Elize Ryd foi uma das primeiras almas que eu entrevistei aqui no Hardmetal Brasil, e foi essa entrevista que me fez sair de semi-hater do Amaranthe (!!!) a apaixonada pela moça, uma artista completa, criativa, com visão de mundo rica e uma simpatia que conquista você seja ao vivo ou através de simples respostas de perguntas enviadas por e-mail.
Eu me mantenho firme graças às críticas positivas que recebo e ao amor que recebo de muitos fãs. Graças a eles, me tornei mais e mais forte. Eu penso que é muito importante, na verdade, apontar as pessoas que são desrespeitosas porque você é uma mulher. Eu não tenho nenhuma paciência ou aceitação com isso.
Se os prós superam os contras, certíssima ela de continuar. Porque no fundo no fundo, mesmo com todos os nossos defeitos e os defeitos que nós colocamos nela, somos nós quem ganhamos.
Dito isso, quero dividir com você um pouquinho da minha opinião sobre 3 comentários que eu achei onde li a notícia traduzida: no Whiplash. É, eu sei, o último lugar da internet brasileira para se ir, mas até a sua blogueira favorita erra. [risos]
Acho gigantemente desnecessário recorrer a argumentos mega complexos para criticar ou explicar o machismo, o sexismo e a misoginia. Motivo? A minha opinião é simples e direta: mulher merece respeito. Por que? Porque é gente. Ponto. Não precisaria ir nos canfudós do Judas para explicar algo tão óbvio, mas novamente, a geração atual é tão madura que pode ser necessário desenhar para explicar as coisas mais simples do mundo.
Digo sem medo de que nem o Amaranthe, nem banda alguma precisa de um curtidor cuja capacidade de raciocínio beira o tamanho de uma ervilha.
Ah, como eu já vi isso em 10 anos de metalhead. Um clássico.
Floor Jansen é idolatrada, baba ovada, tida como deusa, mas espere até ela dar uma vacilada igual a dos shows do ReVamp no Brasil. Vai ser mais xingada do que o cocô do cavalo do bandido. Eu a adoro, mas lamento o dia em que ela se juntou ao Nightwish, que tem o privilégio de ter a base de fãs mais insuportável do female fronted, sempre se achando dona da razão e idolatrando cegamente todas as decisões da banda como as melhores do mundo.
Floor Jansen é idolatrada, baba ovada, tida como deusa, mas espere até ela dar uma vacilada igual a dos shows do ReVamp no Brasil. Vai ser mais xingada do que o cocô do cavalo do bandido. Eu a adoro, mas lamento o dia em que ela se juntou ao Nightwish, que tem o privilégio de ter a base de fãs mais insuportável do female fronted, sempre se achando dona da razão e idolatrando cegamente todas as decisões da banda como as melhores do mundo.
Mas o que esperar do Whiplash, certo? O site sustenta uma fama não merecida com um jornalismo sensacionalista ao extremo, na maioria das vezes sem cuidado algum, fato que deixa a mim, formada em comunicação social, doente e deprimida. E indassim eu e você continuamos aplaudindo esse show de horrores, nunca fazemos nada para mudar. Parecemos até vaquinhas de presépio.
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