Aviso: de hoje em diante o "Resenhando" sai de cena e volta com outro nome. No "Por que ouvir" você continua acompanhando as minhas resenhas normalmente, mas com a diferença de que a partir de agora eu irie fazer umas mudanças sutis nos textos para reciclar e melhorar o formato da seção. A tag Resenhando continua viva, só não vai ser mais atualizada.

E para comemorar o retorno, a resenha de hoje também fala sobre outro retorno.



Bem-vindos de volta!

(r)Evolution, nono álbum de estúdio do HammerFall traduz perfeitamente o sentimento da mudança que eu estou fazendo: ele é o primeiro trabalho dos suecos depois de um hiato rápido de 1 ano e meio, coisa que no começo me deixou preocupada, pois muitas bandas vão e não voltam desses hiatos malucos, mas que dado o resultado final me deixou muito contente e orgulhosa, pois os integrantes mostram que tiraram proveito total da pausa e recarregaram as baterias da criatividade.

Nem toda banda tem essa coragem. Muitas insistem em chutar o cachorro morto, quando fica mais bonito pisar no freio por um tempo e ver o que é melhor fazer. Outras seguem exatamente esse caminho acabam deixando você órfão, ou voltam negativamente tão diferentes que você não sabe o que é pior, o antes ou o depois da pausa. O que felizmente não aconteceu com o HammerFall, que através das 11 faixas retoma suas origens melódicas e deixa uma impressão muito positiva.

Solos de guitarra eficientes, refrões cativantes, coros marcantes e divertidos, letras sobre o campo de batalha, o mascote Hector, tudo isso você encontra no (r)Evolution. A sonoridade da grande parte das músicas abusa do meio-tempo (ou seja, não são rápidas ou lentas demais), gira em torno da era moderna da banda, mas não dispensa os momentos de bateria cavalgada típicos do power metal clássico. Nada tão diferente do que você já ouviu a banda fazer, é verdade, mas com uma vibe melhor do que em "Infected".



E por que ouvir (r)Evolution?

Porque o HammerFall soa mais vivo. Eu sei que muitos fãs tem problemas com o Infected, mas eu explico o meu: as letras, pois exceto por Guerra Mundial Z e Left 4 Dead eu nunca gostei da temática zumbi e/ou infectado, nunca vi tanta graça assim. Sendo assim, ouvir um álbum de power metal sobre zumbis ainda é algo bem nonsense, mesmo que eu seja à favor de mudanças como você sabe que eu sou. Mas você também sabe que eu sou a favor de mudanças planejadas.

Então não, não reclamo do retorno das letras épicas. Foi a primeira decisão sensata que injetou de volta essa alma. Outro ponto que destaque é a produção, de muita qualidade, com os instrumentos mixados em volumes ideais e sem roubar os lugar uns dos outros. Continuando a destacar, a voz de Joacim Cans soa ligeiramente diferente (afinal, a idade passa pra todo mundo), porém manteve a potência e recuperou o apelo que faz você desfrutar de quando ouve a banda, mesmo se passar muito tempo sem ouvir.

As letras e até mesmo as melodias estão repletas de clichês, mas todos muito funcionais. Eles não irritam, pelo contrário. Você sabe o que está ouvindo, sabe quem está fazendo e fica tranquilo, dá aquela sensação de que a Terra voltou a girar novamente, sabe? É a velha história de bandas que são boas em inovar, e bandas que são boas de trabalhar dentro de uma fórmula (seja de som ou de temática).


Hammer high! To the sky!
Destaques

Hector's Hymn é simbólica, pois uma homenagem a outro sumido: Hector, o mascote da banda que também voltou no novo álbum. Guardando muitas semelhanças com Blood Bound, a música tem uma bateria incansável que mantém a energia lá em cima do começo ao fim, casando super bem com os coros e a voz de Cans. Ela resgatou a fé de muitos fãs depois do lançamento de Bushido..

..Mas veja você como a vida é engraçada: se por um lado o passeio pela Zumbilândia não deu certo, "Bushido" me causou uma impressão muito melhor. É verdade, na primeira ouvida a música te deixa desconfiado porque a melodia não é tão power, porque é uma música de uma banda sueca falando de algo da cultura japonesa, mas depois de 3 ou 4 ouvidas a desconfiança passa, porque você enxerga que é a união de dois elementos com muito mais afinidade entre si.

E todos os clichês citados na resenha parece que se concentram em "Live Life Loud", disso eu não tenho dúvidas. Mas contrariando as chances de transformar a música num fracasso, eles funcionam e tornam ela uma das mais gostosas de se ouvir do álbum, o típico hino estilo "Warriors of The World United" que convida o metalhead a cantar e bater cabeça até cansar.

Outro experimento que deu muito certo foi "Wildfire", que abusa de todo power metal possível, mas que aposta num refrão completamente inesperado, algo que seria mais comum de se ouvir de bandas feito Epica ou Nightwish. A ideia combina, e deixa o fechamento do álbum no saldo positivo.


Conclusão

Desde que o Versailles anunciou o hiato e os integrantes seguiram caminhos diferentes -para a minha tristeza musical- eu parei de confiar em bandas que anunciam pausas. Por isso fiquei deveras feliz quando o HammerFall anunciou que voltaria, pois era uma banda que fazia falta no cenário, que eu sentia saudades, e que construiu muito bem o caminho de retorno com (r)Evolution.

Se você quer um álbum animado, chiclete, e de grande qualidade, fica aqui uma ótima pedida.