Há algum tempo eu tinha começado esse especial em 3 partes que basicamente foi um desabafo grande demais para publicar num post só. Nele eu tentei da forma mais organizada possível falar da vida de blogueiro baseada na experiência com o HMBR, minha graduação, e as experiências de vida. O "Vale a pena ser blogueiro(a)?" passeou por assuntos feito stress, sonhos, feedback, planejamento, equilibrar vida online e offline, e por aí afora.

Ficou para o fim a parte mais complicada: falar da infame cena heavy metal brasileira.

PS: partes I e II aqui e aqui (respectivamente)



A origem do nome "Hardmetal Brasil"
Talvez você seja um(a) leitor(a) novo(a) e não sabe que o nosso nome anterior foi Hardmetal Brasil. Ou sabe e não sabe o motivo, então eu mato duas dúvidas com uma resposta só.

Quando eu entrei para o Hardmetal Brasil, sugeri ao Waka não apenas postar notícias, porque isso um monte de sites já fazem e muito mal: copiando notícias sem reescrever e creditar, ou copiando notícias sem creditar, o que é mais preguiçoso ainda, e mesmo assim muitos sites garantiram sucesso com a fórmula. O Danicamania (meu blog sobre automobilismo) ainda estava ativo, então eu não iria largar ele, que foi erguido com tanto custo, por "qualquer coisa".

Mas ele topou, eu vim e começamos a mudar. Criei o banner acima porque o diferencial seria abrir espaço para as bandas brasileiras, coisa que os blogs não faziam muito. Criamos a Hardmetal Brasil Wiki. Tentamos engrenar a ideia que algumas vezes deu certo, outras não. Muitas bandas adoravam, elogiavam e divulgavam os posts sobre elas nas páginas do Facebook e é aquilo: o link é sobre você, mas ao fazer isso você também espalha o nome do blog/site que o publicou.

Essa política de boa vizinhança é simples e efetiva, porém muitas bandas ignoraram e isso gerou certa frustração. Pensamos: poxa, será que fizemos algo errado? Divulgamos o link na hora errada? Não mandamos o email para o endereço certo? Esse foi o primeiro balde de gelo.


O desânimo de divulgar as bandas brasileiras
Ficamos indo e vindo com a Wiki, divulgando uma banda aqui e ali, só para não deixar a ideia morrer. Não dá para contar nos dedos quantas vezes eu e o Waka conversamos sobre isso, pensando num upgrade que alavancasse as coisas. Só que nunca deu 100% certo. Ao mesmo nós fomos fazendo contato com as bandas e quase sempre sem sucesso. Isso deixou nós dois intrigados.

E intrigou mais ainda porque enquanto certas bandas ignoraram o Hardmetal Brasil, elas correram para outros sites, cujo conteúdo é de qualidade muito duvidosa e só rende visibilidade por causa de polêmicas e notícias antigas. Isso criou ainda mais frustração, porque nós vinhamos dedicando tanto tempo e carinho para tornar o Hardmetal Brasil num blog diferente, que as bandas vissem como amigo.. Foi o segundo balde de gelo, e nele eu "perdi" o Waka.

Já reparou que ele em 99% do tempo não escreve mais sobre música? Foi por causa disso. Ele ficou tão desanimado que desistiu. Eu, por outro lado, segurei as pontas mesmo desanimada, não querendo me dar por vencida e acreditando na mudança de postura das bandas.. Que nunca veio. Foi o terceiro balde de gelo.

Não lembro o ano (2013 talvez), mas o Waka me sugeriu de escrevermos sobre assuntos além-música. Eu achei estranho. Cara, nós temos uma identidade musical e do nada nós vamos começar a postar sobre games e cinema? No começo eu não concordei 100%, mas aos poucos achei legal testar para ver o feedback. Gostamos, mas voltamos a música.
Comaniac: uma ótima banda no pessoal e no profissional

Mudando a atitude com as divulgações
Finalmente eu criei a minha implicância o metal brasileiro, depois de vários e-mails sem resposta, sendo que eu não tinha a obrigação de mandar eles. Podíamos focar no metal internacional, nas bandas clássicas, colocar as brasileiras para escanteio feito muita gente faz. Oferecemos propaganda gratuita, praticamente. Paramos então de ir atrás das bandas, de abrir espaço. Quem quiser, que venha.

Até que um belo dia conhecemos o Comaniac, uma banda iniciante da Suíça que nos tratou com tanta, tanta simpatia e educação, que parecíamos ser o maior portal de heavy metal do mundo. Duvida? Segue a foto abaixo:

Imagina a minha cara quando eu descobri

Em fevereiro desse ano o Jonas, vocalista do Comaniac, mandou da Suíça o CD da banda que ele havia prometido em retorno pela resenha do Return to The Wasteland, a primeira em 5 anos que eu escrevi em dois idiomas (inglês e português). Mas para 500% da minha surpresa essa carta veio junto, e eu confesso que fiquei emocionada. Segue a tradução:

Olá, Bruna

Se você está lendo isso quer dizer que os CDs chegaram. Demais!

Obrigado pelo seu apoio! Por favor continue fazendo o que você ama, não importando o que as outras pessoas dizem! Você vai ser bem sucedida da mesma forma

Abraços, Jonas

Deixei a carta no envelope original, dentro do meu armário e perto de uns CDs de games antigos. É incrível! Uma banda novata conquistou tanto da nossa credibilidade que se precisarem de espaço, não vou hesitar em ceder. Já as brasileiras... Não garanto a mesma sorte. Como você quer feedback se você não dá feedback? Credibilidade vem difícil e vai fácil.


Como a frustração influenciou a mudança para o HMBR
Quando eu finalmente cedi 100%, concordei com o Waka de fazer a inclusão de conteúdo off-música. Ainda estou me acostumando. Não esqueci e nem quero esquecer da música, porque é algo pelo qual eu sou apaixonada, independente das bandas brasileiras.

Se eu fechei espaço para elas? Não, não fechei. Tanto não fechei que você vira e mexe vê releases de várias assessorias, e eu até tenho descoberto umas bandas bem legais feito o Scars From The Last Fight, o Greensleeves, ou o Doomsday Hymn, ou relembrando de outras feito o Kamala. Continuo divulgando até porque não são todas as bandas que vacilam no profissionalismo, e por isso elas merecem o meu crédito.

A questão é que agora eu mudei as expectativas e o foco. Vou abrir espaço para quem quiser, mas que entenda o valor do feedback. Tempo é tão caro quanto dinheiro, não dá para desperdiçar. Você não precisa mimar e bajular um site por tudo o que ele faz, mas é só o... Respeito. Só isso.


A conclusão
Novamente fica a pergunta: vale a pena ser blogueiro? Não digo que não, mas dizer que sim é complicado. É mais uma... Experiência. Não tem resposta certa. Tem muita coisa envolvida. É algo que eu tenho feito, me esforçado e torcido com todas as torcidas do Brasil para dar certo. É verdade que às vezes eu podia me esforçar pouco mais.. Mas todo mundo tem um momento de descanso, né?

A esperança de tornar o HMBR num site rentável não morreu. Se vai sair mesmo do papel só o tempo vai dizer, mas não é por falta de vontade. Produzir conteúdo para a internet é verdadeiro inferno astral, mas é algo que eu gosto demais. Então a gente vai trabalhando e no pique do Allen-Lande: fechando os olhos e esperando por um milagre.