Sabemos que o problema do download é real, porém acredito que estejam pintando o diabo mais feito do que ele realmente é. Digo isso, pois, apesar da constante caçada das gravadoras aos Robin Hoods virtuais que compartilham cds em blogs ou fóruns, uma parcela razoável de bandas está não só superando isso como consolidando ainda mais os eu trabalho.

Vale dizer, não estou defendendo a "pirataria", mas jamais defenderei a mesquinhez da maioria das gravadoras que insiste em sustentar um modelo de negócio incompatível com o mundo que de ontem para hoje sofreu mil mudanças na política, ciência, tecnologia e por aí afora. Eu estou do lado das bandas hoje e sempre, por isso trago essa resenha pra mostrar um exemplo de superação.

Hoje o Soilwork lança The Living Infinite, três anos após The Panic Broadcast. Com uma iniciativa inédita no death melódico mundial, o grupo sueco traz um álbum duplo com 20 músicas que misturam de maneira bem sucedida peso, velocidade, linhas vocais envolventes e uma constante vontade de cantar junto a cada faixa. Parabéns à Nuclear Blast pelo suporte na empreitada, confirmado que é uma das exceções de gravadoras nem tão mercenárias assim.

The Living Infinite está curiosamente moderno, e me pergunto se isso virou moda entre as bandas de metal, sobretudo entre as bandas suecas, vide conterrâneos como Pain, Scar Symmetry, In Flames e sem dúvidas, Amaranthe. O primeiro disco nos oferece um material mais agressivo graças à Dirk Verbeuren e seu ataque à bateria, criando várias passagens com sabor de thrash metal e quebras de ritmo inesperadas tais como ouvimos no refrão de Spectrum of Eternity.

Já o segundo disco é um pouco mais calmo, inciando com a instrumental Entering Aeons e mantendo melodias bem elaboradas, algo que você desavisado não esperaria de uma banda de death melódico. As passagens acústicas e meio assustadoras aparecem em maior dose, dando à outra metade da laranja um tom diferente, quase progressivo.

Destaques
This Momentary Bliss: Um dos primeiros singles lançados pela banda, tem um Q de metalcore e um dos melhores refrões dos dois discos, desses que você rapidinho aprende a cantar;

The Living Infinite I: Sabe aquela música que ao vivo vai fazer todo mundo pular? É essa aqui. Se bobear ela vai fazer até você pular na cadeira do PC;

Let The First Wave Rise: Pesada e rápida, seria uma boa escolha para trilha sonora de jogos de zumbis e similares, que de uns tempos pra cá viraram moda;

Drowning With Silence: Outra faixa que tem um bom refrão e boas quebras de ritmo, principalmente a que rola aos 03:28. É bem dinâmica e animada;

Antidotes In Passing: A surpresa fica por conta da introdução tranquila, combinada com o melhor do vocal limpo de Bjorn. O clima meio assustador da melodia é bem envolvente;

Rise Above The Sentiment: Foi a primeira música a receber um video oficial, com o épico velhinho que ao achar umas gravações da banda e colocar no videocassete, bate cabeça como se não houvesse amanhã. É a minha faixa favorita de The Living Infinite.

Conclusão
As oferta de músicas em The Living Infinite é grande não só pela quantidade, mas também pela peformance dos músicos, sempre itensa e empolgante. Bjorn é o grande destaque com sua voz afinadíssima nos guturais fechados ou mais abertos, e uma linda voz limpa que me remete a Let This River Flow, quando realmente me tornei interessada no Soilwork. Grande esforço, grande resultado.

Formação
Bjorn "Speed" Strid - vocais
Sven Karlsson - teclados/samples
Sylvain Coudret - guitarrra
David Andersson -  guitarra
Dirk Verbeuren - bateria
Ola Flink - baixo

Tracklist
CD1
1. Spectrum Of Eternity
2. Memories Confined
3. This Momentary Bliss
4. Tongue
5. The Living Infinite I
6. Let the First Wave Rise
7. Vesta
8. Realm of the Wasted
9. The Windswept Mercy

CD2
10. Whispers and Lights
11. Entering Aeons
12. Long Live The Misanthrope
13. Drowning With Silence
14. Antidotes in Passing
15. Leech
16. The Living Infinite II
17. Loyal Shadow
18. Rise Above The Sentiment
19. Parasite Blues 
20. Owls Predict, Oracles Stand Guard