Cazuza nunca foi heavy metal, mas foi pontual ao musicar que seus heróis haviam morrido de overdose, e que seus inimigos estavam no poder. Após a série de fatos lamentáveis cercaram o M.O.A. e que infelizmente cercarão a imagem do Brasil por um longo tempo, chega a ser difícil definir como eu me sinto, e imagino que vocês devam estar passando mais ou menos pela mesma coisa. Raiva, tristeza, indignação.. Poderíamos passar horas citando adjetivos negativos.
Já estou nessa de metal há quase dez anos, porém descobri que existia uma cena brasileira - e não estou fazendo trocadilho quanto a isso - somente em 2007, com o lançamento de Time to Be Free, estreia solo de Andre Matos. Um excelente disco, por sinal. Mesmo assim nunca tive muita curiosidade de saber mais sobre as outras bandas, as internacionais me pareciam mais interessantes, e meu conhecimento até certo tempo se resumiu a Andre Matos, Angra, Shaman/Shamaan, e Sepultura.
Entretanto isso viria a mudar em 2009 com a descoberta da Shadowside, mais exatamente no momento em que vi o comercial do Dare to Dream durante o intervalo do Stay Heavy, história essa que já contei outras vezes. Até que pouco depois vim parar aqui no Hardmetal Brasil, inicialmente como leitura e membro do antigo fórum, e agora como parte do staff. Foi quando comecei a me aproximar do metal brasileiro e confirmar o que eu já sabia: com exceção do Andre (e futuramente a Dani Nolden), eu não tinha ninguém que fosse capaz de admirava.
Por inúmeras vezes perdi horas do meu sono pensando se valeria a pena transformar o Hardmetal Brasil num blog totalmente dedicado ao metal nacional, o que em parte acabou se mostrando inviável, porém não desisti da ideia, mesmo que por exemplo já tenhamos enviado um e-mail para uma banda perguntando se podíamos a entrevistar (!) (uma oportunidade gratuita de divulgação) e termos ficado sem resposta até hoje.
As pessoas são estranhas.
Com isso descobri nomes legais além dos que já citei, nomes como Hangar, Mindflow, Hydria, Painside, Huaska, e por aí afora. Vi um pouco mais de perto, mesmo que virtualmente, os problemas que nos afligem, bem como o romantismo de uma minoria que ainda se mantém firme (juntamente comigo), acreditando que um dia as coisas podem se ajeitar.
Isso me leva ao primeiro ponto chave da questão: eu sei que erros e acidentes acontecem, mas existem aqueles que podem ser contornados. Conforme falei no texto que publiquei aqui ontem, a competência é necessária, porém o interesse e a vontade de fazer direito são tanto quanto. E quando não são colocados na prática o resultado é esse, estampar as páginas de sites especializados famosos como Blabbermouth e Bravewords.
Dito isso chegamos ao segundo ponto chave da questão: os paladinos esquizofrênicos do metal nacional.
Thiago Bianchi
Edu Falaschi
Não pretendo fazer juízos de valor sobre Bianchi e Falaschi porque suas respectivas bandas nunca estiveram entre as minhas favoritas (ou ao menos não com eles nos vocais), e tampouco os seus exemplos me inspiram a ponto de considerá-los meus heróis. Quero apenas pontuar sobre como acho incrível que as pessoas enfiem os pés pelas mãos ao longo de anos, e que mesmo assim consigam um lugar ao sol que poderia estar sendo melhor aproveitado por outras pessoas.
Eu sei que é cômodo reclamar direto do conforto da minha casa, mas só por que não gastei o dinheiro que não tenho para bancar passagens, ingressos e tudo o que seria necessário para estar no Maranhão, eu perco esse direito? Já que é assim eu poderia fechar os olhos e ignorar esse episódio grotesco, mas não estou fazendo isso. A ideia da Negri Concerts foi visionária, mas se o passo iria ficar maior que a perna era melhor ter voltado atrás e ter feito algo modesto, porém bem feito. Não é porque o MOA tentou acontecer, ou porque está acontecendo lentamente feito um doente que agoniza, que deve ser aplaudido..
Sendo assim, eu espero que vocês headbangers brasileiros pensem melhor antes de escolher os seus heróis, e que tentem ser menos preconceituosos com os novos nomes que estão surgindo para poder prestigiá-los. Lembrem-se que Iron Maiden, Judas Priest e todos esses nomes um dia já foram novatos, e que graças ao apoio dos fãs eles conseguiram chegar onde estão. Por isso também não vou propor um boicote ao Angra ou ao Shaman, deixo essa missão para a memória de vocês, que se for mais ou menos curta vai lembrar de tudo isso de hoje em diante.
Valorizem-se mais, parem de alimentar essa tendência de dar status de ídolo ao primeiro que ganha um mínimo de notoriedade. Veja se ele vai justificar isso ao longo do tempo, afinal o preço de ser uma pessoa pública é esse. Reflitam no fato de como vocês se sentem ao ler um Blind Guardian da vida declarar que no futuro será mais cuidadoso em confirmar a ida a esse tipo de festival. Salvem-se de ver a lógica de Cazuza virar realidade pela enésima vez.
1 Comentários
Edu Falaschi ...
ResponderExcluirNem vou citar o nome da banda que nos garantiu entrevista, passou até fone direto pra contato, e até hoje estamos esperando as respostas ... eu era um grande fan da banda, continuo fan mas ... aquele impeto diminuiu.
Heavy Metal Brasil, quanto mais disso se repete, encontro boas bandas na terrunha, vide Galneryus (isso é bom e ruim).
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