Estou de volta trazendo uma entrevista que fiz há alguns meses com a banda já conhecida por vocês, e que se ainda não é, deveria ser: a Shadowside. O texto ficou engavetado em virtude da minha sobrecarga de atividades na faculdade, mas agora consegui uma pausa (muito breve, mas consegui), então espero que todos aproveitem a leitura. Conversamos um pouco sobre a tour feita com o W.A.S.P. e alguns pontos a respeito do cd que será lançado em breve, o Inner Monster Out.


HMBR: Durante a The Return To Babylon 2010 Tour, a Shadowside passou por diversas cidades do continente europeu. Já conheciam alguma delas pessoalmente?
Dani: Sim, nós já conhecíamos Madrid muito bem, já que tocamos por lá duas vezes e ainda tivemos um tempinho para conhecer a cidade. Eu já estive em Glasgow uma vez trabalhando com uma banda escocesa. Infelizmente em uma turnê longa, que passa por tantas cidades assim, nem sempre é possível fazer um passeio porque costuma ser show-estrada o tempo todo... mas quando temos um dia livre, eu gosto de andar um pouco e ver um pouco mais do que vejo de dentro do ônibus (risos).


HMBR: E qual delas vocês gostaram mais? Pelo show, clima, pessoas.. Qualquer motivo.
Dani: Os países do leste europeu são extremamente receptivos, então lugares como Polônia, Hungria, Lituânia foram alguns de nossos favoritos, mas cada lugar teve algo especial. Um dos melhores shows foi na Inglaterra, o público sempre é especial na Espanha... e você sempre conhece um pouco das particularidades de cada povo quando conversa com eles depois do show.

Não dá pra sentir choque cultural em tão pouco tempo, mas o lugar que percebi a maior diferença do que vivemos no Brasil foi na Finlândia. Após o show de Helsinque, todos nós fomos para o stand de merchandising, teríamos uma sessão de autógrafos lá e estávamos acompanhados de uma amiga brasileira-finlandesa que nos explicava como funcionavam as coisas por lá. Ela me explicou que os fãs raramente se aproximariam se não falássemos "oi" primeiro.

Não sei se eles são tímidos, reservados, ou se pensam que estão incomodando, mas várias pessoas que queriam comprar um CD ou uma camiseta não chegavam perto enquanto não fossem convidados e eu levei um pouco de tempo para entender isso. Um homem ficou esperando aproximadamente uma hora até que eu arrisquei falar um "boa noite" em finlandês e ele então finalmente comprou alguma coisa, agradeceu e foi embora. Se ela não estivesse lá para ajudar, eu provavelmente teria ficado me perguntando até hoje o que aquele homem queria (risos).


HMBR: Na Europa é muito comum que a cena female fronted seja conhecida principalmente pelas bandas sinfônicas com vocais operísticos ou parecidos, sendo que essas existem em razoável quantidade. Qual foi a reação dos headbangers do velho continente ao descobrirem que a Shadowside não se encaixava nessa tendência?
Dani: Eu acho que a maioria das pessoas já sabia o que esperar, afinal nós fomos anunciados um mês antes como a banda convidada que acompanharia o W.A.S.P. em turnê, então creio que se existe alguma surpresa, a mesma já estava superada quando começamos a tocar (risos). Hoje com a internet é fácil procurar saber sobre uma banda que você tem que assistir (risos). Mas muitos comentavam que não acreditavam que eu faria aquilo ao vivo, ou que o que ouviram na internet realmente havia sido gravado por uma mulher. Mas o que me deixa realmente contente é que as pessoas gostaram da banda como um todo e não apenas da vocalista.

Você sabe que foi aprovado pelo público quando eles gritam o nome de sua banda e pedem por mais, quando você inicialmente era apenas o grupo de apoio que não tem muita importância para os fãs da banda principal. Isso significa muito para o nosso futuro como um grupo. Muitas pessoas já nos conheciam, mas obviamente éramos novidade para a maioria e agradá-los nos levou um passo a frente.


HMBR: Sobre os shows, como foi dividir o palco com o W.A.S.P.? Afinal, trata-se de uma banda que possui o nome mais do que firmado na história do heavy metal.
Dani: Foi uma honra, é claro... eles tem mais tempo de carreira que eu tenho de idade! Nós chegamos lá com extremo respeito, observando tudo que eles faziam, como crianças curiosas (risos). Eles fazem o que eu acredito que toda banda já consagrada deveria fazer: abrir espaço para uma banda nova, que está começando a aparecer, ao contrário de simplesmente levar um outro medalhão que não precisa da oportunidade, que já tem uma carreira firmada como eles. Sempre nos deram completas condições de fazer nosso trabalho... nunca nos foi negado tempo de passagem de som, nunca nos impuseram limites. Eles estão seguros no que estão fazendo e deixam que façamos a nossa parte também. Foi uma experiência única.


HMBR: E além do W.A.S.P., vocês também dividiram o palco com outra banda em um show na Espanha, os italianos do Raintime. Vocês já haviam escutado o som deles antes?
Dani: Não, eu não conhecia nada deles. Raphael conhecia uma música, o cover de Beat It que eles fizeram do Michael Jackson. Eles são legais e uma boa banda.


HMBR: Contem quais foram os momentos que vocês mais curtiram nas viagens da turnê. Observando as fotos do Myspace ou Facebook é possível arriscar que no mínimo, vocês se divertiram bastante.
Dani: Bastante é pouco (risos). Mesmo com todos os problemas que passamos, como a quebra do ônibus na França, todas as vezes que ficamos presos na neve, nosso humor ficou excelente o tempo todo. Todo dia era uma festa, mesmo com tão pouco tempo livre. Nós estávamos hiperativos, não existe forma melhor de descrever o estado geral da banda. Um dos melhores dias foi quando estávamos saindo de Dublin, Irlanda e começou a nevar. Para um bando de brasileiros que nunca havia visto neve na vida, aquilo foi o paraíso (risos).

Na Lituânia, fizemos uma emboscada para nosso assessor de imprensa... pedimos para ele buscar algo no quarto dele e ficamos esperando do lado de fora, com bolas de neve nas mãos... quando ele saiu, ele foi tão atacado que deve ter entrado neve até no... nariz! (risos) Nos divertimos como crianças. Nossa responsabilidade era tocar e nada mais. Apesar de cansativo, por termos que dormir dentro do ônibus o tempo todo, não tem como ficar melhor que isso.

Agora, eu tenho algumas perguntas sobre o novo disco, mas prometo que não vou me intrometer demais (risos)


Dani: Pode se intrometer quanto quiser (risos).


HMBR: As viagens ajudaram a trazer alguma inspiração para o novo álbum?
Dani: Não exatamente, porque o disco estava praticamente pronto, mas nós crescemos muito como banda com essa turnê. Tocamos juntos todos os dias, passamos a nos conhecer bem melhor, adquirimos algo que não tínhamos antes pela falta de convivência... passamos a tocar como um só e isso vai influenciar o resultado final do disco, com certeza.


HMBR: Segundo foi divulgado, vocês estarão gravando o sucessor do Dare to Dream na Suécia, país conhecido por grande revelações pop como Roxette e ABBA, revelações do power e prog metal, mas principalmente pelas bandas de death e melodic death metal. A Suécia foi uma escolha aleatória, ou já estava nos planos?
Dani: Não foi uma escolha aleatória, porque o produtor que nós escolhemos, Fredrik Nordström, é sueco e tem seu próprio estúdio nas proximidades de Gotemburgo, na Suécia. Poderíamos ter gravado no Brasil, nos Estados Unidos, no Reino Unido... mas por que não na Suécia, se ele já tem a estrutura completa aqui? 

Nós escolhemos Fredrik porque gostamos de praticamente tudo que ele faz. O que não gostamos, é simplesmente por uma questão de preferência musical, porque não sai trabalho mal feito das mãos dele. Ele é perfeccionista e faz exatamente o que eu sempre esperei de um produtor... ele não permite erros. Se algo não soa bem ou se está errado, não vai ficar no disco. Ele empurra cada músico até o limite. Ele é um cara extremamente sincero e vai te dizer o que acha na sua cara, então se alguma coisa não estava legal ele falava e não aceitava o resultado enquanto não fizéssemos algo bom e não apenas melhor do que a ideia inicial. Estou muito satisfeita com o resultado final e ansiosa para tocar o disco no último volume (risos).


HMBR: Vocês podem ao menos dar uma pista do que podemos esperar do som da guitarra(risos)? É difícil negar que os riffs do Dare to Dream traduzem bem a energia que vocês passam com o seu trabalho.
Dani: PESADO! Muito pesado (risos). Com ainda mais energia que o Dare to Dream. Eu considero esse disco como a mistura do Theatre of Shadows com o Dare to Dream, porém melhor e com novidades. Ele é um tapa na cara de tão intenso, que ainda assim manteve a musicalidade.


HMBR: Há alguma curiosidade no método de composição da banda antes e depois de entrar em estúdio para gravar, ou vocês são mais intuitivos e apenas deixam a inspiração fluir?
Dani: Nós apenas deixamos fluir... normalmente cada um grava as suas ideias em casa e depois apresentamos para o resto da banda e trabalhamos nas músicas juntos. Todas as músicas tem a mão de todos nós, sem exceção. Tem riff de guitarra meu, melodia do Ricardo, guitarra do Fabio, baixo do Raphael... além de cada um fazendo seu respectivo instrumento (risos). Nós apenas criamos e sugerimos tudo que aparece, se parece legal pra todo mundo, nós mantemos.


HMBR: A respeito da expansão do nome da banda, vocês assinaram com a SHP Records para disponibilizar o Dare to Dream no mercado norte-americano, além do novo cd. Isso me leva a crer que os headbangers de lá ficaram com uma boa impressão da Shadowside..
Dani: Sim, nós estamos crescendo bastante tanto nos Estados Unidos quanto na Europa também, agora. A SHP vai distribuir os dois álbuns através da Universal Music mundialmente. O CD estará em todas as lojas Best Buy dos Estados Unidos também, é uma rede enorme e tem em praticamente todas as cidades. O pessoal da SHP está motivado e estou animada com essa nova parceria.


HMBR: Por fim, me digam se já existem planos para o pós-gravação, dentre eles como shows no Brasil. O povo quer saber.
Dani: Já estamos agendando alguns shows, tocaremos novamente na Bósnia e Herzegovina em Junho de 2011 e provavelmente faremos alguns shows no Brasi. Possivelmente no final do ano voltaremos aos Estados Unidos e Europa. Eu adoro tocar no nosso país, gostaria de tocar mais mas infelizmente não depende de nós. Os fãs brasileiros podem ter certeza que tocaremos onde eles pedirem. Basta que eles importunem os promotores locais para levar Shadowside para lá (risos).

Dani, muito obrigada pela entrevista em nome da banda. Deixe uma mensagem pros leitores da Hardmetal Brasil, e desde já recebam meus votos de que 2011 seja mais um ano de sucesso e felicidades. Estamos com vocês.

Dani: O lançamento do CD acontece no dia 7 de Junho, então fiquem ligados porque temos uma surpresa mais que especial para o disco no Brasil! Escutem, fiquem com bastante dor no pescoço (risos). Espero que todos tenham um ano excelente e nos vemos em algum show.