Nessa semana eu quero falar não só de uma música que marcou a minha infância, mas de um game que marcou a minha infância e de uma das melhores músicas que a indústria de games produziu nos anos 90. Mesmo. Porque se você ao menos uma vez jogou Streets of Rage do começo ao fim, sabe que o mito Yuzo Koshiro fez um trabalho incrível, que mesmo em 2015 soa maravilhoso. E você também sabe o que é tremer ao som de "Attack The Barbarian."

A música era apenas o tema do momento mais temido do jogo: os chefões. Nem "The Last Soul", tema do oitavo -e último stage- provocava tanto arrepio, e "The Last Boss" deixava você no desespero mais por ser uma versão diferente e mis curta de "Attack The Barbarian." Streets of Rage, um dos ícones do gênero beat em' up (hoje infelizmente esquecido, porque eu adoro), retratou a violência das ruas de cidades como Nova York e Chicago, embalado pela forte influência clubber da trilha sonora.

Yuzo Koshiro vinha do excelente trabalho em Revenge of Shinobi (1989), outro game que tem coisa para render post no Game & Música. No livreto da versão japonesa do CD da trilha sonora original ele diz:
Quando o primeiro jogo estava em desenvolvimento, em torno de 1990, a cena clubber no Japão gradualmente incorporava o house e o techno, que eu atentamente acompanhava. Então eu comecei a pensar em levar os sons destes gêneros, que praticamente não tinham conexão com a game music, e ser o primeiro a fazer isso.

Reverberações, sirenes, distorções, momentos eletrofunk e Yuzo explorando de forma assustadora o limitado chip sonoro do Mega Drive, usando diferentes técnicas de conversão e manipulação de sintetizadores analógicos. O resultado foi uma trilha sonora pulsante, que combina absurdamente bem com o game, um dos primeiros que eu joguei, um dos que eu mais gosto e um dos meus favoritos (pode ver o nome dele lá na minha lista de games na página de equipe).

Tenho ótimas memórias com Streets of Rage. Tal como toda criança dos anos 90, aprendi inglês com os vídeogames, em especial com o momento traumático de acidentalmente dizer 'sim' ao invés de 'não' e acabar tendo que lutar contra a minha mãe no jogo (ah, depois disso nunca mais eu esqueci, RISOS). Saudades disso.

A música ganhou outra versão em Streets of Rage Remake (outro ótimo game), mas eu ainda fico com a original. Também vou deixar um cover metalizado, que é bom, mas novamente, não tem a pegada clássica da versão do Yuzo. Por último fica esse mashup sensacional de "Attack The Barbarian" e "Smooth Criminal" do Michael Jackson, que é de cair o queixo.

PS: recomendo esse artigo que fala sobre o trabalho do Yuzo Koshiro nas trilhas sonoras de Streets of Rage. Leitura muito boa.