Créditos: Pauline Darley
Dona de uma beleza exótica e muito bem-vinda (pois o mundo precisa de mais gente ruiva), Simone Simons é um caso louco de uma pessoa capaz de quebrar esterótipos e de ao mesmo tempo, criar eles. Só que antes de entrar de sola no assunto, quero fazer um breve resumo da história da moça.

Simone Johanna Maria Simons (what the fuck, Batman?) nasceu em 1985 nos Países Baixos, e começou a estudar canto popular aos 14 anos. Entretanto, aos 15 anos se viu interessada pelo canto clássico e mudou o foco dos estudos, rezando a lenda que a decisão foi motivada ao ouvir a performance de Tarja Turunen em Oceanborn.

Eis então que o ano cabalístico de 2002 chega, e Mark Jansen deixa o After Forever. Buscando outros músicos para um novo projeto, o guitarrista dá vida ao Sahara Dust, que após passar por uns ajustes na formação, passa a contar com os vocais da ruiva.

Arrisco um palpite bem certo de que Simone é conhecida desde entre os mais entendidos, até os mais leigos em matéria de heavy metal, fenômeno que ocorre graças ao boom que o female fronted passou entre 2005/2008, ou graças a seus atributos físicos, que chegaram muito mais rápido ao nosso conhecimento. Em 2003 já sob o nome de Epica a banda lança The Phantom Agony e inicia o caminho de fama e polêmicas, abrindo o peito para encarar as críticas. E olha que elas nunca faltaram.

Um lindo mix desastrado de femme fatale e bonequinha de luxo é o que melhor define Simone Simons. Sempre explorando sua imagem ao estampar as capas do Epica ou protagonizar ensaios fotográficos ousados, atire a primeira pedra quem nunca ficou curioso em saber que banda era o Epica por causa da vocalista.

Não demorou absolutamente nada para que Simone se transformasse na musa das meninas mais jovens, sonhadoras de um dia ter metade do seu talento, fama ou beleza, e musa dos meninos, uns porque realmente gostaram da banda, e a grande maioria por motivos que eu só poderia dizer depois das 22:00.

Foi aí que conheci um dos primeiros mitos da minha trajetória metalhead: Simone Simons é apenas um rostinho bonito que não sabe cantar.

Verdade? Mentira? Meio termo? Muitas dúvidas. Nenhuma resposta definitiva.

Metade da torcida do Flamengo defende que sim, Simone é um caos quando pilota o microfone, e seus supostos desafinos ao vivo são o argumento que alimenta as reclamações e o preconceito. A outra metade da torcida defende ferrenhamente o valor de sua diva, que segundo eles teria uma voz potente, e dotada de grande carga emocional. Ah, as polêmicas..

Fontes das razões para amar Simone Simons.
Fonte das razões para amar odiar Simone Simons.

O que eu penso: gosto da voz dela. Há potencial, já dizia o bordão de uma amiga. É uma voz bonita, sensual, que possui uma carga emocional interessante, o principal motivo para que eu permaneça fã da ruiva, mas não do Epica. É bem certo que a banda se esforça desde 2004 para me conquistar e até conseguiu isso com algumas músicas, mas no saldo geral, não. Eu passo. Talvez se a moça estivesse em outra banda, nosso relacionamento fosse diferente.

Entretanto, o ponto que provoca mais discórdia que a forma da Terra na época de Cristóvão Colombo é o grau de exposição da ruiva, embora esse tenha passado por um brusco processo de mudança: Simone aparece tanto quanto sempre, mas abandonou aos poucos a imagem meramente apelativa e vulgar para adotar outra, mais elegante e bem produzida. Uma imagem literalmente de bonequinha. Quem mostra isso é o Smoonstyle, seu blog oficial que é um point de dicas de beleza, mostrando uma Simone mais antenada em moda, maquiagem e fotografia.

E como não poderia deixar de ser, algumas empresas a tiveram como garota propaganda de seus anúncios, sobretudo as ligadas à área de cosméticos, claro. Sem contar os fotógrafos, que fizeram a festa clicando Simone e sua entidade (vulgo cabelo), e que terminaram com os trabalhos divulgados no blog.

Há quem ache um saco e completamente errado que ela se exponha tanto, que ache que ela deveria ser mais reservada ao invés de mostrar tanto de si no blog, Instagram, Twitter ou Youtube (!!). Eu gosto disso, pois a Simone Simons de agora é quase que completamente diferente da anterior, e muito mais interessante.

Créditos: wolverica.deviantart.com
Eu diria que o problema de Simone nunca foi se expor, mas sim de como saber fazer isso. Já fui bem cética sobre esse assunto e pensava quase da mesma maneira que citei acima, porém agora não vejo problema algum em uma vocalista usar sua imagem para alavancar sua carreira. Cristina Scabbia é o exemplo-mor de que talento e beleza podem andar lado a lado.

A questão é que tudo passa pela casa do bom senso. Ofereça uma imagem bonita para atrair novos fãs, e ofereça algo consistente para manter eles por perto. Senão vira a história do por fora bela viola, por dentro, pão bolorento.

E com essa reflexão deixo vocês, leitores e principalmente, leitoras do blog. Sei que hoje é o Dia internacional da mulher, mas como odeio bolar homenagens clichês, aprontei esse texto para também deixar uma força pras moças que me acompanham aqui, no Facebook ou no Youtube.

Sejam ambiciosas. Isso não é errado, exceto quando supera o prazer de fazer o que se gosta. Sejam corajosas, pois nunca se sabe quando pode aparecer a nova Doro Pesch do direito, medicina, engenharia ou da carreira que for. Até mesmo as mais malucas. E o mais importante: espelhem-se até nos exemplos mais polêmicos de frontwomans, pois sempre há uma lição que podemos aprender.